E aí, como anda a sua relação com a comida?
5 Junho 2023
Os índices de sobrepeso e obesidade só aumentam no Brasil. Como ter uma relação saudável com nossa alimentação? Veja nesse artigo do Programa Viver Bem - Nutrição em Foco
Como se diz na internet, a vida não está fácil para ninguém. Ainda mais quando o assunto é nossa alimentação. Fome emocional, transtorno de ansiedade como gatilho, saúde mental prejudicada... tudo isso impacta na alimentação. Nossos dias, cada vez mais corridos, nossas refeições, cada vez mais "atropeladas", e os números de sobrepreso e obesidade crescem cada vez mais no Brasil, assim como a "cobrança" para se ter aquele corpo perfeito, tanto celebrado na mídia e redes sociais.
Com uma vida cada vez mais moderna e agitada, aprendemos a pedir comida pelos aplicativos de delivery e isso facilitou, mas nos afastou. Prestamos atenção nas telas, mas esquecemos de prestar atenção no prato. Como ter uma boa alimentação? Quantas vezes você já ouviu ou mesmo falou "eu não lembro nem o que eu almocei hoje"?. E se não recordamos nem o que comemos, imagina saber sobre a história, origem, do que e como foi feito os alimentos?!
Tanta correria contribui para que a gente fique cada vez menos conectado com o alimento: comemos na frente da televisão ou com a cara grudada no celular, se perguntando como as pessoas conseguiram aquele shape sarado em apenas uma semana. A propósito, você não está lendo este texto sobre alimentação e saúde enquanto come, certo?!
E mesmo sem lembrar o que comeu no almoço ou comer de qualquer jeito, geralmente é na comida que descontamos quando a vida não está fácil para ninguém (é a chamada fome emocional, já ouviu falar?).
Hoje em dia, é muito mais comum termos sentimentos mais frequentes como estresse, medo, ansiedade, frustração, tédio, entre outros.
E o que é essa fome emocional?
A fome emocional é aquela vontade de comer que se manifesta em razão de situações indesejadas ou sentimentos desagradáveis. A vontade é por alimentos específicos como fast food, alimentos gordurosos ou açucarados.
Esse tipo de fome é bem comum e não é errado comer algo quando não está bem emocionalmente, diferentemente da fome física. Porém, pode virar um problema se acontecer com muita frequência e seu cérebro se condicionar a acreditar que só vai ficar bem se comer determinado alimento. Isso pode trazer prejuízo à sua saúde.
Neste e-book de alimentação saudável você vai encontrar:
- A diferença entre fome de verdade e fome emocional
- Sinais de que a fome é emocional
- Dicas para fazer as pazes com a comida
- Por que a fome emocional acontece?
Antes de mais nada, é importante reforçar: é normal ficarmos tristes, ansiosos, nervosos ou alegres.
É parte de nossa natureza termos essas emoções e sensações. No entanto, devemos estar atentos à forma que reagimos a esses estímulos.
Por essa razão, devemos identificar quais são os gatilhos para esse tipo de comportamento, que podem ser:
Restrições alimentares – isso mesmo, fazer dietas restritivas ao longo da vida pode ser um gatilho para o comer emocional, pois a pessoa se priva de determinado alimento na dieta e quando se encontra em uma situação indesejada ou estressante, tem maior chance de comer mais;
Impulsos sentimentais – os sentimentos não são a causa especificamente, mas, sim, a maneira pela qual reagimos a eles;
Situações indesejadas – qualquer tipo de situação que te gere algum sentimento desconfortável;
Dificuldade em perceber os sinais internos de fome e saciedade no corpo. Você consegue identificar quando está com fome fisiológica e quando está satisfeito?
É importante realizar uma autorreflexão sobre:
- Quais alimentos sente vontade de comer quando tem fome;
- Se sente fome de repente, ou se ela surge aos poucos, de forma gradativa;
- Se tem vontade de comer depois de algum sentimento desagradável;
- Se você sente culpa depois de comer.
Como contornar a fome emocional?
O primeiro passo é entender que existe a fome emocional e que está tudo bem se um dia você tiver. Existem muitos sentimentos que podem levar a isso. Você pode identificar os gatilhos que te levam a esse comer e encontrar outras formas de lidar com esse sentimento. Faça uma lista de atividades que te deixem bem e que não envolvam comida, assim você já sabe o que fazer quando bater aquela vontade de comer. O mais importante é, em caso de dúvida, procurar a orientação de um médico, nutricionista ou psicólogo.
Como você pode melhorar a sua relação com a comida?
- Entenda e aceite que existe a fome emocional.
- Não faça dieta restritiva – pode gerar uma péssima relação com a comida.
- Cozinhe mais – se aproxime do alimento e cozinhe do seu jeito. Você pode descobrir que ama fazer isso. O mais importante é não encarar como uma obrigação doméstica, e sim, como algo que te faz bem.
- Planeje-se para conseguir preparar suas refeições. Se não consegue cozinhar todos os dias, faça em um dia a comida da semana e congele. Isso vai te poupar um bom tempo.
- Identifique e respeite a sua fome. Comece a perceber seus sinais internos de fome e saciedade. Coma quando estiver com fome e pare de comer quando estiver satisfeito.
- Coma com mais atenção e consciência. Dê à refeição o espaço que ela merece. Sente-se à mesa com quem você mora e coma sem distrações como televisão e celular. Isso vai te ajudar a ter atenção e saborear o que tem no seu prato.
- Seja gentil com você e com o seu corpo. Não passe vontade de comer alguma coisa, lembre-se que não existe alimento proibido. Tudo é uma questão de equilíbrio.
Mitos e verdades sobre a relação com a comida
A maior parte das pessoas hoje em dia não tem uma boa relação com a comida, ignorando o que é alimentação saudável e reeducação alimentar.
Verdade. A sensação de que o dia já não cabe mais em 24 horas tem feito muita gente não dar muita atenção para coisas importantes do nosso cotidiano, como a alimentação.
No "comer emocional" existe vontade de comer apenas frutas e verduras.
Mito. A fome emocional, ou psicológica, é aquela vontade de comer quando surge uma situação indesejada, como problemas no trabalho ou com a família ou algum sentimento desconfortável, como tristeza e estresse. Quando a vida não dá um desconto, descontamos na comida (comer emocional) - é quando ela é usada para aliviar esse sentimento, dando a sensação de bem-estar. E como saber se a fome é emocional? Existe uma principal característica: você não vai querer saber de frutas ou verduras. Ninguém acorda triste e pensa "Estou tão triste, vou comer uma saladona". Provavelmente, vai pensar em fast food, alimentos gordurosos e cheios de açúcares – é isso que a fome psicológica faz por você.
Só consigo me sentir bem se eu comer.
Mito. Comer é parte fundamental da nossa sobrevivência, assim como a alimentação saudável. O problema é quando começamos a descontar na comida como única forma de aliviar nossas sensações e/ou emoções e entramos num looping automático de achar que "bater um pratão" vai resolver nossos problemas. Talvez pensar em comer seja o primeiro gatilho, porque a geladeira ou o app de comida estão mais próximos. Você pode fazer exercícios aeróbicos, como correr, caminhar e dançar, por exemplo. O gasto de energia alivia o estresse e a ansiedade e é uma forma de controlar a fome emocional.
Fazer dieta restritiva pode piorar a forma que eu lido com os alimentos.
Verdade. Não dá para ser 8 ou 80 quando falamos de comida. Comer muito ou comer muito pouco. É preciso ter uma alimentação saudável. Fazer dietas restritivas pode ser um gatilho para o comer emocional, pois deixamos de comer determinados alimentos e quando nos encontramos em uma situação indesejada ou estressante, temos maior chance de comer mais.
É importante fazer as refeições sem nenhuma distração.
Verdade. De acordo com uma pesquisa da Microsoft, o tempo médio de capacidade de atenção de um peixinho dourado é de 9 segundos, enquanto o da maioria das pessoas é de apenas 8 segundos. Ou seja, enquanto você lê este texto, já perde o foco algumas vezes. Hoje temos tantas distrações que fica difícil se concentrar para comer. Uma dica e um desafio: deixe seu celular no silencioso durante a refeição e procure sentar longe da televisão. Esse é um dos passos da reeducação alimentar.
Sentir culpa depois de comer é normal.
Mito. Em situações do nosso cotidiano, quando comemos um pouco a mais, numa comemoração ou aniversário, por exemplo, é comum termos a sensação de barriga cheia - até porque ela está mesmo. Mas comer não deve ser motivo para você se sentir culpado. Existem muitos sentimentos e cobranças que podem levar a isso. Se a culpa está batendo depois de você comer - e não é um dos casos citados anteriormente, é importante entender o que está acontecendo. Procure a orientação de um nutricionista, médico ou psicólogo.