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Maternidade e trabalho: como ter um RH mais inclusivo?

30 Março 2023

Pensar em políticas e boas práticas voltadas às mães é muito importante para a empresa e para as profissionais. Entenda os motivos e o que você pode fazer no dia a dia para apoiá-las!

"A noite não adormece nos olhos das mulheres. Há mais olhos do que sono". É com esse trecho do poema de Conceição Evaristo, linguista e escritora brasileira, que começamos este importante papo sobre maternidade e trabalho.

Ser mulher - e, sobretudo, mãe - é ter mais olhos do que sono. É aprender diariamente a lidar com o acúmulo de funções, preconceito, culpa, desigualdade de gênero -  e o peso das cargas emocionais que tudo isso traz. A cada momento, esses sentimentos se multiplicam, atravessam e, inevitavelmente, transbordam.

E você, como profissional de RH, pode contribuir com acolhimento, empatia e empoderamento. Mas como? É o que contamos neste artigo. Você verá:

Maternidade e trabalho: precisamos recalcular a rota

Izilda, de 67 anos, está aposentada, mas lembra como se fosse hoje do dia em que contou para o seu gestor que estava grávida da sua filha mais nova, atualmente com 34 anos. "Ele não falou absolutamente nada. Virou as costas, entrou na sala e fechou a porta. Me senti culpada", conta. 

Erica, de 43 anos, está à procura de um novo trabalho e tem enfrentado dificuldades nos processos seletivos. O motivo? Ser mãe de Lorena, de 7 anos. "Sempre tenho de responder a uma chuva de perguntas em relação à escola e a com quem ficará a criança em caso de necessidade. Sinto-me constrangida e, na maioria das vezes, saio sem grandes expectativas", desabafa.

Quando questionadas sobre o que falta no mercado de trabalho, ambas dizem palavras semelhantes: compreensão, apoio, acolhimento, oportunidades iguais e respeito.

Os números mostram a desigualdade de gênero

Esses relatos de mães mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido dentro das empresas - e que é urgente incluir o tema na pauta do RH. Para se ter uma ideia, a taxa de desocupação entre as mulheres é de 13,9%, sendo que entre os homens o indicador cai para 9%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um dos motivos que as levam ao desemprego é o fato de serem mães solo e precisarem abandonar seus empregos para cuidar dos filhos, o que aconteceu com maior frequência durante a pandemia. 

Entretanto, ao olharmos para os números do Censo Escolar 2021, nota-se que a presença feminina é maioria em todas as etapas da educação básica. Boa notícia, não é? Só que esse cenário não se reflete no mercado de trabalho. Somente 38% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, conforme aponta o estudo Women in Business 2022, realizado pela Grant Thornton.

Muito disso se deve ao machismo estrutural, que tem como uma de suas raízes a origem para aquela pergunta que toda mulher já ouviu em uma entrevista de emprego: "você tem ou pensa em ter filhos?". Sim, o preconceito com profissionais que são ou pretendem ser mães está vivo.

Como combater o preconceito e os desafios das mulheres no mercado de trabalho?

Ser um RH inclusivo, que acolhe e empodera, é essencial para combater os desafios da mulher no mercado de trabalho. Mas quais ações/medidas podem ser adotadas nesse sentido? Primeiro de tudo, é essencial conscientizar a equipe sobre o tema, para que todos sejam porta-vozes de boas práticas e/ou comportamentos. Alguns mandamentos:

  • A mulher pode ser mãe quando ela quiser;

  • As empresa deve seguir todas as leis referentes às licenças e estabilidades;

  • Momentos da vida como gravidez e menopausa mexem com os hormônios femininos - e isso precisa ser respeitado;

  • Nunca duvide da competência dessas profissionais;

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  • desigualdade de gênero no mercado de trabalho é uma realidade que precisa ser combatida;
  • Uma jornada flexível resolve muitos problemas e é uma forma de acolhimento e compreensão;
  • Profissionais nunca devem ser excluídas de programas de recrutamento por serem mães ou mulheres;

  • É urgente ter maior presença feminina em cargos de liderança.

Acreditar nessas premissas é o primeiro passo para ser um setor que olha com humanidade para as mães e mulheres no mercado de trabalho. Em seguida, é essencial transformar tudo isso em ações que vão reforçar o posicionamento da companhia.

7 maneiras de ser um RH inclusivo

Vem ver quais atividades, eventos e/ou condutas são essenciais no dia a dia para garantir a equidade de gênero no mercado de trabalho!

Olhe para elas 
Envolva a sua equipe em uma missão: reunir dados sobre as mulheres que atuam na empresa. Entenda alguns pontos importantes:

  • Quantas profissionais existem atualmente no quadro?

  • São cis ou trans?

  • Qual o volume de mulheres pretas?

  • Quantas profissionais são mães?

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  • São quantas mulheres na liderança?
  • Quais pretendem chegar ao nível de gestão?

Ao compreender a realidade da companhia, você vai conseguir propor ações, programas e suas respectivas metas de uma forma mais eficiente.

Diga não ao preconceito no processo seletivo 
Jamais exclua uma profissional de um programa de seleção por ser mãe ou mulher. E mais: nunca, em tempo algum, faça perguntas constrangedoras. Alguns exemplos recorrentes: com quem você vai deixar sua filha? Tem certeza de que quer ser mãe? Com quantos anos pensa em ter filhos? 

A seleção deve ser focada no que realmente importa, que é o conjunto de habilidades de cada profissional e o fit com a vaga.

Cultura organizacional 
Tenha políticas que respeitem, empoderem, acolham e deem oportunidades iguais à equipe. Dissemine essa cultura por meio de ações de conscientização junto aos funcionários, principalmente com a liderança (que está mais próxima e pode propagar tais mensagens). Não tolere qualquer tipo de preconceito e/ou desrespeito com essas profissionais.

 

Desenvolvimento profissional 
Crie um programa de mentoria ou de educação corporativa voltado às mulheres. É uma forma de empoderá-las, valorizá-las e mantê-las por mais tempo na empresa. Combine essa capacitação contínua a planos de carreira que as levem a cargos de liderança feminina. Não seja uma empresa que privilegie homens para posições de gestão e não compactue com isso.

Benefícios corporativos 
Você pode compor um plano de benefícios com opções que farão a diferença na rotina das mulheres. Um auxílio-creche, por exemplo, pode ser muito bem-vindo. Já para as mães que precisaram interromper os estudos devido à gestação, que tal propor uma pós-graduação? Tente entender os gaps e as necessidades para disponibilizar o que for mais conveniente.

Além disso, o suporte psicológico é uma maneira de aliviar as cargas emocionais, identificar possíveis problemas, como o burnout (ou evitar que elas cheguem a esses extremos que levam ao tratamento da síndrome de Burnout em seus funcionários).

Em suma, existe uma lista extensa de possibilidades quando falamos em mães e benefícios corporativos, desde os mais básicos a até mesmo o congelamento de óvulos no caso de quem deseja engravidar depois. O importante é olhar para o seu time, buscar compreendê-lo e, assim, propor algo que realmente faça sentido.

Ouça sempre 
Aposte em canais abertos para ouvir e acolher as mães. Esses meios são essenciais para o recebimento de denúncias de assédio moral ou de outra conduta inadequada. Também são formas de entender o que estão sentindo, identificar pontos de melhoria e, sobretudo, garantir a construção de um ambiente permeado por segurança psicológica.

A cultura do feedback é eficiente e pode transformar uma companhia por inteiro! Por isso, tenha sempre espaços de fala.

Crie grupos 
Cada mãe tem uma trajetória única. Por isso, é interessante formar grupos voltados ao compartilhamento de experiências. Essa troca vale muito. E você ainda contribui para a integração das colaboradoras, da mesma equipe ou não.

Atenção às leis 
Há regras específicas voltadas às mães para garantir o direito de conciliar maternidade e carreira, como a licença-maternidade. No Brasil, esse período dura 120 dias e está previsto na Constituição Federal. O afastamento garante o salário-maternidade e passa a valer no momento do parto ou então com 28 dias de antecedência do mesmo. O período também é aplicado, inclusive, para adoção e/ou pedidos de guarda judicial para fins de adoção.

Para quem trabalha com carteira assinada, é possível ampliá-lo por mais 60 dias (o total será de 180 dias). Mas, para isso, é necessário ter aderido ao programa Empresa Cidadã, do Governo Federal. Em relação a possíveis abortos (espontâneo ou previsto por lei), o tempo de descanso é de 14 dias.

Lembre-se: conheça e respeite todas as regras! Garantir os direitos das mães é dever de toda companhia.

 

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Maternidade e mercado de trabalho 
Coloque o tema maternidade e trabalho em pauta para ter um RH inclusivo. Dissemine a cultura da empresa, crie ações efetivas, fale sobre o tema, conscientize, seja presente, respeite e acolha. Construir esse ambiente inclusivo é essencial para quebrar uma sequência de anos e anos de preconceito com mães no mercado de trabalho.

E aí, vamos juntos fazer a nossa parte? Crie um ambiente inclusivo para mulheres na sua empresa. A Sodexo tem diversas soluções que podem te ajudar nessa jornada. Garanta a melhor experiência no trabalho para suas funcionárias. Peça um contato e melhore a experiência de trabalho de suas colaboradoras!